Jim Ross critica estado atual da indústria

No seu blog, Jim Ross publicou uma crítica ao atual estado da indústria. Num resumo simples, JR criticou a forma como as promos são elaboradas hoje em dia e defendeu que o Wrestling profissional está no seu melhor quando é apresentado como uma competição séria, em vez de ser apenas uma série de esporte. Aqui está o que Jim Ross disse:
“Já disse várias vezes que espero que todas as companhias de Wrestling tenham sucesso e superem todos os problemas que estão a enfrentar de momento. Mesmo assim, existem pessoas dentro destas mesmas organizações que não conseguem aceitar críticas construtivas e parecem levar algumas coisas que eu digo demasiado a peito. Este comportamento é infantil e pouco profissional.
Estou no meu direito de criticar más representações, promos demasiado controladas, falta de selling de manobras importantes, histórias sem sentido e outros aspectos exasperantes que são usados numa tentativa de reinventar o que não está partido. Penso que fiz o suficiente, desde estabelecer uma boa carreira dentro da indústria a, acima de tudo, ser um fã há mais de cinquenta anos, para poder dar uma opinião construtiva. 
A grande maioria dos lutadores de hoje em dia não são bons a fazer promos. Isto porque as equipas criativas sentem a necessidade de justificar a sua existência ao porem-se na pele destes indivíduos e a escreverem todas as palavras que eles têm de dizer. O sistema é antiquado e contraproducente, visto que os fãs de hoje conseguem distinguir um lutador que recita uma promo que decorou de um lutador que está a falar do coração.
Wrestling, no seu melhor, é lógico, realista e é executado dentro de um ringue, como se fosse uma competição atlética baseada em bom senso. Não um show de acrobacias, sem qualquer selling ou capacidade de um lutador aplicar bem uma manobra, expondo a indústria como uma farsa. Quanto mais rápido um lutador actua, mais diz aos fãs que não tem as capacidades necessárias e que se está a tentar safar através do sensacionalismo em vez de realismo.
Criticam-me frequentemente pelas minhas opiniões visto que passei 21 anos na WWE, dando a entender que – por isso – embirro com a TNA, ROH ou Lucha Underground, quando na realidade essa noção é completamente errada. Dediquei mais de 40 anos da minha vida a esta indústria e com muito orgulho. Voltaria a fazer tudo outra vez, se a oportunidade surgisse. Mas isso não vai acontecer. Quero que a indústria seja saudável e prospere, muito depois de ter desaparecido, de forma a que futuras gerações a desfrutem. Pelo que tenho visto em televisão, não tenho a certeza se isso irá acontecer.
Alguns sentem que estamos no limiar de um período “boom”, visto que existe tanto Wrestling disponível em televisão. Se pensarem bem no assunto, acham que um produto que, nos seus melhores dias, é mediano em televisão, independentemente da quantidade, é sinónimo de “boom”? Acho que não.
Actualmente, o produto de hoje é demasiado analisado, onde os responsáveis pelos aspectos criativos parecem sentir a necessidade de alterar uma fórmula de sucesso, de forma a deixarem a sua marca como se fossem para sempre ser reconhecidos como “quem mudou a indústria para sempre.” A indústria do Wrestling mudou permanentemente no dia em que os territórios morreram. Isto aconteceu, em grande parte, porque os promotores locais tornaram-se preguiçosos e complacentes. Estes não quiseram evoluir com os tempos e aderir à Era moderna de publicidade e produção de conteúdos televisivos. Assim como também deixaram de criar novas estrelas.
Ponham as culpas em quem quiserem, mas os territórios pararam de fazer aquilo que os tinha tornado populares em primeiro lugar e isso era a luta entre jovens estrelas em rivalidades cativantes. Estas rivalidades eram fáceis de compreender, recheadas de bom-senso e conseguiam produzir conteúdo suficiente para um programa semanal de televisão. Além disso, na altura, os talentos eram muito melhores contadores de histórias dos que os que temos hoje em dia, salvo algumas excepções.
Essencialmente, o que funcionava para nós – fãs para a vida – era uma simples hora de televisão, fácil de ver e compreender, que toda a gente conseguia perceber e gostar. Para onde foram esses dias?
Sim, já estive envolvido em muitas histórias deprimentes, ineficazes e impotentes ao longo da minha carreira, mas tal foi porque sempre fui um jogador de equipa e não tive problemas em receber cheques para fazer o que o meu chefe me dizia para fazer no fictício mundo do Wrestling profissional. Era um actor escolhido para representar um papel. Alguns dias eram melhores que outros. Alguns eventos eram melhores que outros também.
Talvez, uma dia, uma promoção irá perceber que quanto mais simples, melhor e que a maioria dos fãs não quer péssimas representações ou promos previsíveis. Em vez disso, querem perder-se nos problemas pessoais retratados pelas estrelas que estão a tentar resolver o seu conflito dentro de um ringue através de uma representação de capacidades atléticas superiores.”
Fonte: JR’s BBQ

Compartilhar #

← Postagem mais recente Postagem mais antiga → Página inicial